Sunday, April 01, 2007

Ventos de mudanças


Um daqueles dias...daqueles que você senta em lugar qualquer da cidade, só para sentir a brisa no rosto, um dos únicos toques que você obtém há muito tempo, e percebe que o vento que te toca traz consigo ares de mudanças.

E você vai embora dali, e não tem mais vontade de voltar, porque o vento pode se tornar vendaval. Não que a possibilidade disso acontecer seja muito alta, mas você não gosta de mudanças mesmo. Não é a mudança em si que te assusta tanto, já que você é uma pessoa adaptável à diversas situações. Mas talvez o que te incomode tanto são as consequências do mudar. Não que você irá mudar, enquanto pessoa, pois, por mais que às vezes você deseje isso mais do que qualquer coisa no mudo, você é incapaz de de se esforçar para que isso aconteça.
O que angustia é ver a mudança dos outros. É ver outros mudando e se transformando em coisas melhores, e tudo o que você pensa é: tenho que mudar também. E você tenta.
E voce tenta.

E tenta.

E nem sempre consegue. Talvez um pouco. Mas não consegue acompanhar o ritmo um tanto frenético do vento que traz mudanças. E você fica com a sensação que não é possível. Se ao menos o vento carregasse todos de uma só vez...

E você fica com aquela sensação que, infelizmente, já está se tornando estranhamente famliar (como um vizinho incoveniente): a de que o seu papel na vida é o de espectador. O de que assiste....assiste ao vento, levando os outros.

Levando pessoas que você gosta.

Às vezes para bem longe. Às vezes, não...mas mesmo assim, fazendo-as mudar, mesmo que próximas. E no palco do espetáculo da vida dessas pessoas, o seu papel é, novamente, o de coadjuvante. Aquele que sai e entra de cena várias vezes. E aquele que gostaria de ter um espetáculo só para si mesmo.

Mas não tem, ainda....ainda....


Sempre "ainda". E você repara que....ainda....é a palavra que você mais repete. Sempre.

E pessoas vão mudando. Mudando para outras cidades. Outras mudando de vida. Casando. Tendo filhos. Outras mudando de personalidade. Umas, melhorando as que já possuiam. Outras, por outro lado, se tornando auto-destruitivas.

Mas, mudando de algum jeito.
E você? Vai mudar também?

Você não sabe a resposta, mesmo tendo certeza da inevitabelidade de acontecer algum dia. Tudo o que você sabe é o vento. Tudo o que você sente é o vento. É o de mais real que existe. Mesmo invísivel aos olhos, é quase tangível.

E voce sabe que é ele quem traz a mudança. E você fica com aquela esperança (mas daquelas que, por mais desacreditadas que estejam, você sempre acredita) de que um dia seja carregado por ele.

E para bem longe.






Escrito por André Marçal