Wednesday, February 24, 2010

No Celular

O dedo ali parado no botão de chamar. O nome no visor: o seu.
E tudo permance, assim, por alguns minutos inalterados.

Falar o que? Palavras parecem tão sem sentido, de repente. 

André Marçal

Friday, February 19, 2010

Do outro lado.

Ele pegou um avião e foi para o outro lado do mundo. Foi para onde tudo era diferente: o dia era noite; carros andavam na direção errada; o sol brilhava mais forte; estranhos na rua eram gentis e as praias eram tão frias que ninguém dava um mergulho.

Por causa disso, ele tinha certeza que sua vida, também, seria diferente. Achou que a mordaça que o impedia de falar e ser ouvido seria desfeita. Que as correntes que ele arrastava seriam quebradas. Que seria livre de uma forma que ele jamais havia experimentado.

Ele descobriu da pior forma possível que isso não é nem remotamente simples quanto ele pensava. Liberdade é algo misterioso. O mais patético de tudo é que ele já sabia disso. Tinha consciência de que problemas e inadequações vão junto com a bagagem de mão. Fazem check in permanente na nossa vida. 

"Sabedoria popular tem um fundo de verdade mesmo. E os clichês dessa vida não soam como tais quando você se vê no meio de um deles", pensou ele, um dia, entre capuccinos e leituras edificantes.  É tudo uma questão de experiência. Você só tem certeza vivenciando.

Ele achou graça. Estar a dez mil quilômetros longe de casa e finalmente perceber que a única diferença substancial é o cenário. E que talvez o único lugar que ele deveria voltar é justamente aquele que ele deixou para trás.

E ele se perguntou, enquanto bebia o último gole de cappuccino, se algum dia ele iria encontrar um lugar que ele poderia chamar de seu e se sentir completamente confortável.

Até lá, entretanto, ele vai continuar procurando. Procurando.... 



André Marçal.

Tuesday, February 09, 2010

Sorrisos e Reflexões

Você acusa que tudo foi culpa minha. Eu te fiz sorrir em todos os momentos, mas fui sério nos assuntos da vida. Filosofamos e rimos na medida certa. Fui educado, te dei carona e ainda mostrei um pouco da trilha sonora da minha vida. 

Me diz depois que queria me beijar logo ali no carro, mas meu olhar te desencorajou. Alguma coisa te disse que eu não estava mais interessado. E é verdade. Mistérios para os quais não existem explicações. Pessoas te atraem por razões diferentes, e se nada aconteceu não é demérito de nehuma das partes envolvidas.

Agora você diz que sou irresponsável, e que não posso fazer isso com outras pessoas. Cativar e depois descatar. Eu só acho que você deveria passar mais tempo com gente que te valorize. Pois tratar semelhantes com o mínimo de dignidade não é pré-requisito nenhum para se apaixonar. 

Até lá, vou continuar andando por aí fazendo os outros sorrindo e refletindo quando necessário.

André Marçal.