Tuesday, May 27, 2008

Esquerda ou direita?


Pego o violão, toco alguns acordes tristes e me vejo em um palco, encarando milhares de pessoas emocionadas com a música que sai de mim. E acho que quero ser músico.

Escrevo alguns rascunhos no papel; ensaio alguma coisa nesse blog; tenho idéias mirabolantes dentro do ônibus, e chego a conclusão que o melhor é ser escritor. Afinal, há tanto ainda a se contar.

Assisto meus filmes preferidos pela enésima vez; revejo as atuações de atores e atrizes que admiro muito, e resolvo que o melhor é atuar. Expressar raiva e alegria através de um papel pode ser muito saudável. E reconhecimento é sempre bem vindo. Entretanto...muito mais divertido seria dirigir o elenco e todas as cenas. E ser diretor de cinema é a minha nova profissão. Até o momento em que eu percebo que muito mais tesão seria escrever toda a estória e personagens. Brincar de Deus por alguns momentos. E roteirista é o trabalho definitivo.

Mas...isso tudo soa muito trabalhoso e cansativo. E, além do mais, sempre existe a dúvida se realmente existe talento suficiente para realizar todas essas coisas. Está decidido: de agora em diante, vou ter uma vida normal. Um emprego comum de oito horas diárias. Voltar para casa, assitir TV e filmes no DVD. Casar e criar uma família. Nada muito impressionante, a não ser a tranquilidade de não ter que ser extraordinário todos os dias. É isso. Pronto. Vou dormir melhor essa noite.

Mas, amanhece o dia...e o que eu quero ser mesmo?


André Marcal

Tuesday, May 13, 2008

Viajar é viver


É pra ver o mundo ficando pequenininho da janela do avião; É sair correndo com a passagem na mão pra pegar o próximo avião (cena que você já viu dez mil vezes nos filmes); É tentar se sentir à vontade em uma casa que não é sua, mas vai ser por um mês; É dar voltas e mais voltas em um metrô estrangeiro; É pegar ônibus que você não tem a menor noção para onde vai; É se forçar ao máximo para pedir informações; É se forçar ainda mais (a níveis torturantes!) para puxar conversa com outros; É andar sem rumo em uma cidade desconhecida; É ficar horas admirando a natureza e beleza de parques maravilhosos; É observar hábitos e costumes de outras culturas.

É entrar no bonde que te leva ao metrô e ouvir pelo menos cinco línguas diferentes; É receber de presente um DVD - documentário sobre a "verdade" do 11 de Setembro de um motorista filipino; É conversar sobre Bob Marley com um autêntico jamaicano sentado ao seu lado no banco; É receber proposta de casamento de um tiozão de cinquenta anos, feita no ponto de ônibus; É ver como emos de verdade se vestem; É ir a pubs iguais aos dos filmes ingleses; É andar por ruas lotadas com copo de café na mão; É se viciar em café; É ser roubado em pleno país de primeiro mundo; É dar inveja à todas adolescentes por ter ficado a centímetros de distância do ídolo - galã delas; É assistir filme 3D no IMAX!; É ficar horas incontáveis em livrarias de três andares (e sem vendedores pentelhando).

É se ver, de repente, como o centro da atenção de asiáticos; É ser o alvo da obsessão / loucura de um húngaro,
stars wars maníaco, vestido de suspensórios e all star azul ; É ficar horas conversando dentro de um Café sem tomar nenhum; É assistir filmes e documentários maravilhosos em plena escola; É descobrir que você é querido e elogiado mesmo estando em outro país; É descobrir que pessoas vão ser sempre pessoas, não importa o lugar do mundo; É descobrir um novo hobby: fotografia; É descobrir que você possui características que jamais pensou possuir; É amadurecer; É se sentir confortável em momentos de solidão; É olhar fotos, quase um ano depois, e ter a sensação de que tudo aconteceu em uma realidade paralela.
É, enfim, se sentir vivo.

É pra tudo isso que viajar é preciso.





André Marçal