Friday, October 09, 2009

Rasante



De repente, ele se dá conta que existem dois tipos de pessoas: aquelas que, por alguma razão incompreensível, tudo gira ao redor e que são capazes de fazer tudo do mais incrível acontecer; e aquelas que são exatamente o oposto.

E, por mais que ele negasse, por mais que ele tentasse esconder (principalmente de si mesmo), chega um momento na vida de todos que negação é um luxo, pois o tempo passa rápido, e a juventude vai indo embora mais depressa do que se espera.

Ele pertencia ao último grupo de pessoas.

Mais do que isso, ele percebe exatamente o tipo de pessoa que ele é. Idealizações são infantis, e embora a realidade possa parecer dura no começo, ele consegue notar uma certa liberdade nisso tudo.

Sem mais falsas esperanças. Sem mais expectativas exageradas. Tudo o que resta a ele, agora, é uma vida em que a beleza se encontra apenas naquilo que ele é capaz.

Um voô com as suas próprias asas, mesmo que seja apenas rasante.

André Marçal

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