Wednesday, May 20, 2009

Ela

Ela queria amar, mas que fosse algo de verdade. Amor mesmo, daqueles que ela lia nos romances da Jane Austen. Não as coisas superficiais que ela já havia tido experiência: amor de plástico, ela dizia. Não as juras de amor ensaiadas; não a obrigatoriedade de ficar ao lado da pessoa; não mais a mesma dúvida se é esse ou não o que ela gostaria de estar. Ela queria experimentar a plenitude do sexo. Não mais aquela insatisfação com os rapazes que ela já havia tido experiência. Talvez com alguém que se amasse, de fato, fosse diferente.

Queria tudo isso e mais. Coisas que nem sabia expressar direito. Só sabia que queria.

Mas...havia algo que a impedia. Podia desconhecer os caminhos para amar, mas a única coisa a que tinha certeza era que a dor e a mágoa poderiam ser maiores do que ela. Maior do que poderia suportar. Amar alguém e perder a pessoa. Amar alguém e não ser correspondido.

Mas sabia, também, que uma vida sem uma história de amor não era vida. E, enquanto isso, ela seguia com a única certeza que tinha: queria amar.


André Marçal

4 comments:

Pollyana said...

Gostei do texto. Impossivel não se sentir assim esses dias...

Felipe Cortizo said...

E ele atualizou o blog, que milagre!

Felipe Cortizo said...

Coloquei, sua piriguete rodada do caralho.

Samantha said...

A maior dor que ela teme é na verdade descobrir que é incapaz de amar... isso definitivamente a paraliza. Dai surge um problema filosofico: Ela não ama pq não sabe amar ou pq tem medo de tentar? Seja qual for a resposta não é muito reconfortante...