Tuesday, January 19, 2010

Visita

Você vem pra minha cidade, assim, como quem não quer nada. Me fala que quer ver coisas diferentes, sentir uma outra brisa no rosto, assistir o vai-e-vem de carros e pessoas desconhecidas. Mas, eu sei muito bem a razão da visita. Tento disfarçar tudo no longo papo, entre cafés gelados e crepes deliciosos. Percebo o seu olhar estudando todo o meu rosto, os meus gestos. Dava pra quase ver o seu raciocínio trabalhando em análises das mais profundas sobre todas as coisas que eu dizia.

Você veio por minha causa.

Logo eu...E você com todas essas expectativas sobre mim, sobre o que eu poderia fazer. Você achou que eu seria uma alegria em coisas sem graça. Um norte em caminhos perdidos. Uma esperança quando tudo parecia um tanto sem sentido.

Mas, a grande verdade é que eu mesmo nem sei por quais caminhos eu ando. Muito menos ainda saberia dar direções. Muitas vezes, tenho dificuldade em encontar sentido e diversão em coisas das mais mundanas.

Foi tudo precaução. Isso porque se apaixonar por mim é algo perigoso. Não queria te arrastar em algo que não traria nada do que você esperava. Sentido de preservação.

Queria que você tivesse conseguido compreender. Sou pessoa de sutilezas. O grande problema é que generalizo, e penso que todos são dessa mesma forma. E espero que alguém mais capacitado do que eu possa te guiar por caminhos que você sempre quis seguir. E que de preferência sejam na sua cidade, só pra te poupar todo o trabalho de visitas.

André Marçal





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