Tuesday, August 19, 2008

Sumiço


A situação se repete com uma frequência um tanto assustadora.
Na rua; no shopping; em reuniões de família; no msn; orkut e em festas, a primeira coisa que dizem é que você está sumido.

E não existe nenhuma razão totalmente compreensível. Ou satisfatoriamente convincente.

Talvez seja esse receio de se conectar realmente com outra pessoa, apesar de você sentir essa necessidade mais forte do que nunca. Nunca se sabe as consequências disso. Ou pior ainda, a perda disso. E se você perder o controle? Sentir - se sem chão. Logo você, que nunca se permitiu o caos, a bagunça de sentimentos. As coisas sempre foram tão claras quanto preto e branco. Não é hora de tudo colorido.

É sempre essa ambivalência...caos ou o cosmos?

Talvez seja a auto - suficiência, essa coisa meio milagre e maldiçao ao mesmo tempo, em níveis completamente confusos. Às vezes, pessoas parecem tão interessantes em conversas de bar, em desabafos, em historias de vida. Mas, por tantas e tantas outras, não valem mais do que um bom filme, uma folheada em um livro interessante, ou uma música triste.

Ou talvez.....talvez seja condição de vida, a forma como você aprendeu a viver, a reagir diante tudo. Por mais que te cause repugnância, a idéia de que talvez você goste de ser assim não soa tão absurda.

Mas você sabe que ainda é cedo para afirmar isso. A juventude ainda não foi embora. A estrada é ainda longa.

E tudo o que você pode responder aos que te chamam de "sumido" é que, mesmo sendo verdadeiro, você sempre se pega pensando em todos os seus amigos, todos os dias, e em todas as pessoas especiais que cruzaram o seu caminho. E você se pergunta como estão, o que andam fazendo. E, por um instante que vale por uma vida inteira, se sente realmente abençoado e feliz por ter tido a oportunidade de ter conhecido todos eles: os sumidos e os presentes.


André Marçal

5 comments:

Anonymous said...

Como sempre,PERFEITO!!!

Anonymous said...
This comment has been removed by a blog administrator.
Anonymous said...

Não são verdades absolutas, são apenas minhas percepções. Se certas ou erradas, não sei:

- São ciclos que se revezam entre o convivio intenso e o afastamento quase absoluto. Não é consciente, é intuitivo. Um tipo de desentoxicação, de seleção. Quem ficará, quem irá desistir? Nesse processo muitas vezes "perdemos" quem gostariamos que ficasse, mas com o tempo se percebe que a "seleção" foi acertada.

A vida nunca é preto e branca... e por maior que seja o medo, por maior que seja a dor da perda, da decepção, o tombo...vale a pena pra viver um único momento, que seja, do puro extase de se viver uma vida colorida, caotica, absurda e mágica.Que acontece quando realmente nos conectamos a alguém.
As vezes o melhor que podemos fazer é fechar os olhos e se deixar levar.. depois arrumamos a casa, consertamos o estrago, sofremos as consequencias. Mas com a certeza de que valeu a pena.

Anonymous said...

...olhos diamantes,

Foi apesar de que parei ... e fiquei olhando para você, enquanto você...

[...]

Por isso, não faz mal que você não venha...

http://www.youtube.com/watch?v=9WfF6E_Pgfw&feature=related

"I think i'll buy the flowers myself"

Unknown said...

Samantha disse tudo, eu me desintoxico, avalio se preciso realmente conviver com essa pessoa e se não voltar, concluo que não. E também morro de medo de confessar que não tenho vontade de gente o tempo todo, gosto de ficar sozinha e ver como anda a casa, onde e como estão os sentimentos... Enfiaram na nossa cabeça que somos incompletos, eu sou inteira, mas se alguém acrescentar algo é muito bem-vindo!

Bom texto, André!