Sunday, March 14, 2010

Sábado

Era uma noite de Sábado quente e preguiçosa, e uma inquietação começou a tomar conta dele. Era sempre assim quando noites de fins-de-semana começavam a se aproximar. Nesse dia em particular, entretanto, o desassossego parecia ainda maior. Ele não sabia muito bem o que fazer. Pensou em ficar em casa mesmo. Já era familiarizado demais com esse sentimento para saber que logo iria passar. Resolveu assistir a um filme, mas não conseguiu terminar. Começou a folhear um livro jogado na estante do quarto, mas não conseguiu concentrar na leitura. Tentou escrever alguma coisa, mas só ficou encarando as linhas da folha em branco.

Chegou à conclusão de que seria melhor sair para algum lugar. Ficar em casa seria doloroso demais. Pegou o celular e começou a ver todos os nomes da agenda. Nenhum parecia interessante. Desejou que alguém ligasse para ele, e o convidasse para algum lugar, só para variar um pouco. Mas o celular não tocou. Deitou na cama e começou a pensar em todas as pessoas interessantes que passaram na sua vida. Ele se perguntou o que aconteceu à elas, o que andavam fazendo, se tinham casado, o que estudaram, se andavam ganhando dinheiro. Uma nostalgia se apoderou dele e ele achou que já era o bastante. 

Pegou a chave do carro, escolheu um dos seus CD's favoritos e começou a dirigir sem direção. Parou em um dos Cafés da cidade e começou a observar as pessoas, enquanto tentava soborear a bebida quente. Via os namorados, os amigos dando risadas, os solitários e tentava imaginar histórias para eles. Sentiu uma tristeza de repente. Foi ao banheiro e se olhou no espelho. Não conseguiu encontrar nada de errado com ele.

Um outro lugar talvez melhorasse o humor, ele pensou. Pagou a conta, voltou ao carro, e mais uma vez dirigiu sem destino. Mas, tudo parecia muito sem graça. Noite não tem cores. Pessoas, carros e lugares parecem o mesmo. E a música nas caixas de som também não ajudava. 

Pegou a primeira avenida que o levava direto para casa. Tudo o que ele queria era a familiariaridade de volta. Entrou no seu quarto e deitou na cama: o único lugar que, uma hora e meia atrás, não queria ficar. De repente, era o lugar mais confortável que já esteve. 

Chegou à conclusão que, no próximo fim de semana, iria sair com alguém.
Ou não....

André Marçal

2 comments:

Bárbara Tenório said...

Meus dias.

Unknown said...

Uauu.. agora que li algo seu, e realmente você escreve bem, bastante intimista!! Parabéns!!! Bju!!